Depois de criar um blog, é comum não saber exatamente sobre o que escrever ou então ter o receio de que em breve irá faltar assunto. Isto já aconteceu bastante comigo e para conseguir publicar periodicamente no meu blog, compilei as principais dicas que utilizo para ter ideias para textos.
Antes de começar com a lista das dicas, acredito que a principal mudança que você deve fazer é referente à mentalidade do que é criação de conteúdo. Quando comecei a pensar que escrever era principalmente uma forma de documentação, como se fosse um registro de uma pesquisa ao invés da criação de algo totalmente novo, o processo ficou muito mais fácil. Em todas as dicas abaixo você vai ver um reflexo deste pensamento.
Problemas resolvidos
Explique um problema encontrado no seu trabalho ou projeto pessoal, as suas tentativas para resolvê-lo (incluindo as que deram errado) e a solução final. Este tipo de conteúdo é uma ótima documentação para o seu “eu do futuro”, para consultar quando encontrar o mesmo problema, mas não se lembrar de como resolveu (acontece direto comigo). Alguns exemplos foram quando estava procurando um sistema de newsletter simples no WordPress para o PainelWP ou uma maneira de criar uma página de links igual ao Linktree ou Lnk.Bio no WordPress.
Também gosto de documentar outras coisas do dia a dia, como: ajeitar o cedilha errado (ć) no Ubuntu, fechar todas as janelas do Google Chrome no Linux ou cancelar o pacote de tarifas do Banco do Brasil para economizar dinheiro. É impressionante como documentar algumas coisas que parecem simples, acaba ajudando muitas pessoas.
Explicar algo de maneira mais aprofundada
Muitas vezes quando estou pesquisando a solução para um problema, encontro uma resposta em algum fórum (como Stack Overflow, WordPress, …) ou até em um blog. Em algumas, vejo que a explicação poderia ter sido um pouco mais aprofundada ou abrangente e utilizo isto como ponto de partida para escrever um texto. Um exemplo disto foi quando vi a indicação para um plugin para descobrir arquivo de template carregado no WordPress e escrevi sobre os plugins para fazer isto, mostrando como utilizá-los e para qual caso cada um deles era mais adequado.
Esta dica também vale para perguntas que você responde em fóruns, bate papos (como o Slack ou grupos do Telegram), redes sociais ou até eventos. Já tive várias ideias por conta de algo que foi discutido nos meetups da comunidade de WordPress de Curitiba ou então de perguntas que recebo de outras pessoas por e-mail ou redes sociais.
Este post por exemplo, surgiu a partir da minha palestra no WordCamp São Paulo 2021, onde separei um trecho dela e transformei neste texto. Na verdade, na data da publicação deste post, já escrevi mais três outros posts a partir dos slides da apresentação, onde pude explicar mais profundamente o assunto de cada um.
Sua rotina de trabalho
Cada pessoa tem o seu próprio jeito de organizar e gerenciar projetos, códigos, diretórios de arquivos, ferramentas e rotina no trabalho. Escrever sobre isto no blog é uma ótima maneira para refletir e refinar o seu processo de trabalho.
Já escrevi sobre como faço alinhamentos diários sem reuniões (assincronamente), a importância de intervalos quando se trabalha em casa e como ser mais efetivo em mensagens (ex: Slack, email, …) para evitar reuniões.
O que seu próprio blog utiliza
O mesmo vale para blogs, cada qual tem suas próprias necessidades, com um tema, plugins e configurações para satisfazê-las. Escreva sobre o que o seu blog utiliza e como você fez a configuração destas soluções.
No meu caso, escrevi sobre adicionar uma barra de progresso de leitura e estimativa de tempo de leitura em cada um dos posts e também comparei plugins para exibir códigos estilizados (syntax highlighting) no editor de blocos (Gutenberg) do WordPress para compartilhar códigos.
O que você está aprendendo
Explicar algo que você está aprendendo por escrito é uma ótima técnica de aprendizado e você pode utilizar seu blog para isto. Como quero melhorar meu conhecimento sobre desenvolvimento WordPress, estou escrevendo regularmente dicas de programação. Nelas, explico como uma função específica do WordPress funciona (como a wp_remote_post()) e escrevo um exemplo prático de como utilizá-la. Muitas delas estou utilizando pela primeira vez. Isto está sendo uma oportunidade de aprendizado contínuo bem desafiadora, mas muito gratificante.
Reflexões e outras experiências
Escrever suas reflexões e experiências é uma ótima maneira de compartilhar assuntos importantes para você, mas que não se enquadram em nenhum dos grupos acima. Uma reflexão que por muito anos ficou na minha cabeça foi porque por que empresas devem patrocinar um WordCamp (evento de WordPress). Também escrevi sobre experimentos que fazemos na comunidade de WordPress de Curitiba, como o formato de mesa redonda online sem gravação.
Pode ser também algo mais pessoal, como a reflexão que tive por conta de um trecho do livro “A arte de pedir”, da Amanda Palmer, sobre decisões que deixamos para depois porque ainda não doem o suficiente. Ou então sobre a expressão “acidentes divinos” utilizada por Orson Welles no documentário Serei Amado Quando Morrer (They’ll Love Me When I’m Dead, EUA, 2018), dirigido por Morgan Neville.
Escolha assuntos que te instigam
Costumo manter várias ideias para novos textos como rascunhos dentro do WordPress, Google Keep ou em um caderno. Toda semana dou uma olhada nelas e escolho a ideia que mais me instiga naquele momento para escrever sobre e, se não houver nenhuma, escolho uma ideia nova. Note que não usei a palavra “motivar” e sim instigar, pois nem sempre estou motivado (a preguiça às vezes é mais forte), mas alguns assuntos são mais fáceis de começar a escrever do que outros. Como complemento, utilizo um contrato de hábito semanal para me ajudar a manter a rotina de publicação semanal.
Escrever para ter mais ideias
O mais interessante é que ideias novas vão aparecendo enquanto você estiver escrevendo, podendo um texto desencadear muitos outros. Isto acontece bastante comigo nas dicas de programações, onde no exemplo prático acabo utilizando várias outras funções que ainda não escrevi sobre. Além disso, com a metodologia do Texto Mínimo Viável (MVT), costumo dividir uma grande ideia em vários textos menores.
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